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Que ansiedade que prega o peito teu em largos painéis forrados de veludo carmim. Falta-te a banalidade das horas fartas, plenas das cornucópias onde saudade não gera saudade e saudade não gera dor. E dor não gera cansaço, e o cansaço não é fardo maior que o de viver. Talvez te devas apegar ao estóicismo. Cortes de papel rompem a pele mas nem vês as falhas, ou quebras, les manques, que trabalheira, que exaustão, que falta de forças.

la nuit
o deslize do francês pela língua
a conclusão a que se chega de manhã,
depois de se acordar do sonho
já se esfuma, é pó, é nada, que cliché!

uita – esta que cansa, que atrapalha, NÃO HÁ MAIS NEXO!

Pois que reste o que restar,
cá restarei eu também;
e se tal alma existir,
eternamente.

canção iv – da invalidez mental do ser.

Que cansaço este. Dormir quatro horas não chega nem para tocar o repouso, roçá-lo e tomá-lo como meu. Quatro horas não bastam para afastar a apatia maldita ou os efémeros estados de espírito inconstantes, ou para impedir a melancolia quando o sol bate na fronte e amachuca os pensamentos. Não tarda e desfaleço, não por fora mas por dentro, que é tão difícil suster-me, agora, tão difícil que cada queda parece anunciada e de cada vez que tropeço é quase exaustivo o fardo que me puxa para baixo e me ancora — ao fundo.

Talvez possa imaginar ou fingir imaginar que não sou eu que caio, não sou eu que canso, não sou eu que me exauro, mas duram apenas as caminhadas entre o aqui e o ali e nunca é mais do que esse momento em que tento ocupar a cabeça com músicas, mas de quando em quando começam elas a falhar e nem elas me salvam. Restam as histórias que faço mas que não deslindo, que se perdem sem rumo porque não o tenho para lhes dar.

E chego a casa na solidão fresca que ultrapassa a soleira da porta comigo, entramos eu e ela lado a lado, conhecidas, amigas, amantes, exauridas porque não há mais a fazer se não consolarmo-nos; antes isso que magoar mais quem bem nos quer. Descansa antes que te rebeles contra ti.

, é demasiado, demasiado, estou cansada, tão cansada.

canção iii – da exaustão do ser.

Como é tão difícil perceber os sentimentos quando eles são tantos vagos diferentes vogam todos contra os outros
uns estes aqueles perdem-se na distância no longe até não mais poderem e podermos
caem em abraços do fim do mundo em sons ecos infinitos
e ficam depois as preces rogos pragas porque a indecisão cumpre-me temerariamente
marchando incontrolável perdida sem rumo
como os sentimentos.

Se tivesse de um escolher era o medo e o egoísmo e a falta de tacto
talvez também a indelicadeza própria ou as incompreensões minhas
que me deixo em dédalos labirintos e caio ícaramente
porque nunca soube voar.

grito iii – dos sentimentos pesados do ser.

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